por Laís Vieira
Nada melhor do que conviver para poder falar. Não é chegar vestido com uma roupa imutável de jornalista. É humildemente chegar. Humildemente conversar, olhar nos olhos e desenrolar um diálogo. É viver uma vida que sempre fizemos questão de nos distanciar, fingir que não víamos e até mesmo atravessar a rua quando víamos um morador dessa casa sem paredes, divisórias, ou teto.
Nome, idade, se usa drogas ou não e ‘profissão’ dão lugar a perguntas mais agradáveis/sentimentais. Respostas que nos permitem sentir o que sente o personagem. O desafio do “como perguntar” caminha junto com a insegurança do desconhecido e a dificuldade de muitas vezes entender o dialeto particular dos moradores de rua.
Um mês, um ano, 10 anos, o tempo pouco importa. O motivo: brigas em casa. Geralmente por causa de drogas. O álcool é parceiro fiel no cair da noite, mas não são os únicos parceiros. Cães e amigos compõem o cenário. Quando interrogados quanto a parcerias, André* abre um sorriso e pronuncia “família, né!” e aponta para a camiseta azul com o escrito amarelo “A união faz a força”. E pelo visto tem feito. Para André, que está há 10 anos na rua, os amigos dividem o espaço, os trabalhos de guardador e lavador de carros e o que conseguem comprar de comida e bebidas.
A vida de quem acorda junto com os primeiros raios solares do dia nos mostra as dificuldades de um centro tão grande de uma grande capital brasileira não se achar sossego para instala suas ‘jegas’ (camas). Embaixo da figueira ou dos toldos da cidade, eles tentam achar dormir e se proteger, seja do frio, chuva ou de gente. Às vezes, a vontade de andar pela cidade é solitária. E essa solidão leva André a ter crises de ausência de qualquer resquício de auto-estima.
Para ele, o que mais pesa e o deixa “meio assim... sei lá” é essa baixa auto estima causada pela “falta daquela segunda chance, uma oportunidade cedida pela família, do povo e até da prefeitura, que fica embarreirando o nosso crescimento, nosso melhoramento de vida” – diz André.
A vida nas ruas que aparenta ser tão perigosa, nos mostra um lugar cujos moradores a chamam de “minha casa”. A rua proporciona sofrimento, ao mesmo tempo em que acolhe e judia. E eles aprendem a se virar mesmo com as adversidades. Estender o tapete de Lar doce Lar nas praças e nos bancos da cidade os torna sem número, sem teto, literalmente sem lenço e sem documento, mas a maioria deles sonha com algo melhor, e ainda tem o que Cléber chamou de esperança.
Esperança que podemos ver brilhar nos olhos daqueles que por tão poucas vezes tiveram atenção de tanta gente tão interessada. Suas famílias se interessam muito pouco ou quase nada pelo rumo que suas vidas tomaram.
Meu desejo era mais que as linhas da reportagem era um desejo misto com interesse na vida desses moradores das ruas. E que eles não são nem melhores nem piores do que qualquer outro por não terem dinheiro para pagar aluguel, ainda mais que a porta da casa de suas famílias estará sempre fechada para eles enquanto houverem drogas envolvidas e falta de apoio para sair da rua.
Nome, idade, se usa drogas ou não e ‘profissão’ dão lugar a perguntas mais agradáveis/sentimentais. Respostas que nos permitem sentir o que sente o personagem. O desafio do “como perguntar” caminha junto com a insegurança do desconhecido e a dificuldade de muitas vezes entender o dialeto particular dos moradores de rua.
Um mês, um ano, 10 anos, o tempo pouco importa. O motivo: brigas em casa. Geralmente por causa de drogas. O álcool é parceiro fiel no cair da noite, mas não são os únicos parceiros. Cães e amigos compõem o cenário. Quando interrogados quanto a parcerias, André* abre um sorriso e pronuncia “família, né!” e aponta para a camiseta azul com o escrito amarelo “A união faz a força”. E pelo visto tem feito. Para André, que está há 10 anos na rua, os amigos dividem o espaço, os trabalhos de guardador e lavador de carros e o que conseguem comprar de comida e bebidas.
A vida de quem acorda junto com os primeiros raios solares do dia nos mostra as dificuldades de um centro tão grande de uma grande capital brasileira não se achar sossego para instala suas ‘jegas’ (camas). Embaixo da figueira ou dos toldos da cidade, eles tentam achar dormir e se proteger, seja do frio, chuva ou de gente. Às vezes, a vontade de andar pela cidade é solitária. E essa solidão leva André a ter crises de ausência de qualquer resquício de auto-estima.
Para ele, o que mais pesa e o deixa “meio assim... sei lá” é essa baixa auto estima causada pela “falta daquela segunda chance, uma oportunidade cedida pela família, do povo e até da prefeitura, que fica embarreirando o nosso crescimento, nosso melhoramento de vida” – diz André.
A vida nas ruas que aparenta ser tão perigosa, nos mostra um lugar cujos moradores a chamam de “minha casa”. A rua proporciona sofrimento, ao mesmo tempo em que acolhe e judia. E eles aprendem a se virar mesmo com as adversidades. Estender o tapete de Lar doce Lar nas praças e nos bancos da cidade os torna sem número, sem teto, literalmente sem lenço e sem documento, mas a maioria deles sonha com algo melhor, e ainda tem o que Cléber chamou de esperança.
Esperança que podemos ver brilhar nos olhos daqueles que por tão poucas vezes tiveram atenção de tanta gente tão interessada. Suas famílias se interessam muito pouco ou quase nada pelo rumo que suas vidas tomaram.
Meu desejo era mais que as linhas da reportagem era um desejo misto com interesse na vida desses moradores das ruas. E que eles não são nem melhores nem piores do que qualquer outro por não terem dinheiro para pagar aluguel, ainda mais que a porta da casa de suas famílias estará sempre fechada para eles enquanto houverem drogas envolvidas e falta de apoio para sair da rua.
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