por Regiane Niehues Pezente
A história de quem foge da morte para não morrer novamente
Florianópolis abriga cerca de 400.000 habitantes, um deles é fantasma. Curitiba, como é conhecido, nasceu no estado do Paraná. Há dez anos o homem baixo, magro e de pele escura trabalha em Canasvieiras. A noite é sua cúmplice. Durante o dia vira turista no centro da capital.
O sol está se pondo na capital de Santa Catarina. Curitiba está sentado no Coreto do centro de Florianópolis. Outros três homens estão com ele. Curitiba bebe cachaça e sorri. A curiosidada fica aguçada e ele quer saber o motivo de tanta pergunta.
Os outros três homens se afastam, Curitiba entende o motivo das perguntas. Um dos homens volta a se aproximar. O centro é movimentado e Curitiba ouve música, “umas músicas ai”.
Até onde sabe, tem filho no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina. A mãe também mora em Canasvieiras e cuida de um menino de seis anos; a filha de seis meses está sob a guarda da justiça. A esposa de Curitiba deu a luz há seis meses e agora está presa. O motivo? “Latro... roubo seguido de morte”. O trabalho de Curitiba paga um advogado pra tirar ela da prisão.
Já é noite na cidade de Florianópolis, as luzes dos postes iluminam o rosto descontraído e tenso de Curitiba. Ele também já foi preso. Mas não fica detido por muito tempo, no máximo um dia. Fantasma não tem identidade, não pode ficar preso. Quando ele morreu? A primeira vez foi na cidade de Curitiba mesmo, seu atestado de óbito evitou sua prisão. Para não ser apagado foi para o Rio Grande do Sul onde morreu pela segunda vez. Agora são dois atestados de óbito da mesma pessoa. Pelo mesmo motivo que saiu do Paraná, saiu também do Rio Grande do Sul.
Em Santa Catarina veio tentar a vida na capital. Desembarcou em Canasvieiras. Mas lá já havia cinco homens que faziam o mesmo serviço que Curitiba. Mesmo assim retomou sua atividade em parceria com os atuais líderes. Hoje só Curitiba chefia a região. Dos cinco que trabalhavam lá, dois estão presos e três morreram.
Canasvieiras perdeu seus cinco líderes e ganhou um. Aos poucos os seguidores de Curitiba chegam no Coreto, mas o clima tenso o deixa desconfortável. Curitiba sabe que agora quem quiser trabalhar no mesmo ramo que ele “tem que pedir licença pra entrar”. Mas ele diz que é do bem, porque ele é malandro. O malandro não faz mal a sociedade, só “faz mal pra quem faz mal pra ele”. O marginal é diferente, gosta de arruaça, faz bagunça na cidade. Mas o pior de tudo é o bandido, “ele rouba, mata e não tá nem ai se você é jornalista ou não”. Agora os três homens se multiplicaram e somam cerca de quinze.
O malandro, que já morou três anos na Argentina fugindo de mais uma morte, sabe ser invisível. O centro da cidade é cercado de morros e Curitiba tem estratégia: “aqui eu não me meto, tem muita disputa de traficante”. As 20h30 o celular de Curitiba toca, é o despertador avisando que é hora do fantasma de Canasvieiras deixa o centro da cidade para trabalhar. “Lá é um pra um, não gosto de confusão”. Curitiba acha que a vida o levou para o tráfico, e aos 42 anos o tráfico faz de Curitiba um fantasma.
O sol está se pondo na capital de Santa Catarina. Curitiba está sentado no Coreto do centro de Florianópolis. Outros três homens estão com ele. Curitiba bebe cachaça e sorri. A curiosidada fica aguçada e ele quer saber o motivo de tanta pergunta.
Os outros três homens se afastam, Curitiba entende o motivo das perguntas. Um dos homens volta a se aproximar. O centro é movimentado e Curitiba ouve música, “umas músicas ai”.
Até onde sabe, tem filho no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina. A mãe também mora em Canasvieiras e cuida de um menino de seis anos; a filha de seis meses está sob a guarda da justiça. A esposa de Curitiba deu a luz há seis meses e agora está presa. O motivo? “Latro... roubo seguido de morte”. O trabalho de Curitiba paga um advogado pra tirar ela da prisão.
Já é noite na cidade de Florianópolis, as luzes dos postes iluminam o rosto descontraído e tenso de Curitiba. Ele também já foi preso. Mas não fica detido por muito tempo, no máximo um dia. Fantasma não tem identidade, não pode ficar preso. Quando ele morreu? A primeira vez foi na cidade de Curitiba mesmo, seu atestado de óbito evitou sua prisão. Para não ser apagado foi para o Rio Grande do Sul onde morreu pela segunda vez. Agora são dois atestados de óbito da mesma pessoa. Pelo mesmo motivo que saiu do Paraná, saiu também do Rio Grande do Sul.
Em Santa Catarina veio tentar a vida na capital. Desembarcou em Canasvieiras. Mas lá já havia cinco homens que faziam o mesmo serviço que Curitiba. Mesmo assim retomou sua atividade em parceria com os atuais líderes. Hoje só Curitiba chefia a região. Dos cinco que trabalhavam lá, dois estão presos e três morreram.
Canasvieiras perdeu seus cinco líderes e ganhou um. Aos poucos os seguidores de Curitiba chegam no Coreto, mas o clima tenso o deixa desconfortável. Curitiba sabe que agora quem quiser trabalhar no mesmo ramo que ele “tem que pedir licença pra entrar”. Mas ele diz que é do bem, porque ele é malandro. O malandro não faz mal a sociedade, só “faz mal pra quem faz mal pra ele”. O marginal é diferente, gosta de arruaça, faz bagunça na cidade. Mas o pior de tudo é o bandido, “ele rouba, mata e não tá nem ai se você é jornalista ou não”. Agora os três homens se multiplicaram e somam cerca de quinze.
O malandro, que já morou três anos na Argentina fugindo de mais uma morte, sabe ser invisível. O centro da cidade é cercado de morros e Curitiba tem estratégia: “aqui eu não me meto, tem muita disputa de traficante”. As 20h30 o celular de Curitiba toca, é o despertador avisando que é hora do fantasma de Canasvieiras deixa o centro da cidade para trabalhar. “Lá é um pra um, não gosto de confusão”. Curitiba acha que a vida o levou para o tráfico, e aos 42 anos o tráfico faz de Curitiba um fantasma.
De longe, o mais jornalístico de todos.
ResponderExcluirMuito bom.