terça-feira, 31 de maio de 2011

ENTRE SEXO E ASSOMBRAÇÃO O DIA A DIA NA RODOVIÁRIA

Alunos de jornalismo da Unisul descobrem o cotidiano da rodoviária

Rodoviária. Segundo o dicionário Michaelis rodoviária significa “Estação de embarque e desembarque de passageiros de ônibus, tanto interurbanos como interestaduais e internacionais”. O que o dicionário não sabe é o que se passa em uma rodoviária. Localizada no Centro de Florianópolis, onde circulam milhares de pessoas todos os dias, o terminal é repleto de mistérios e tradições que precisam de paciência para serem descobertas.

Observo gente de todos os estilos caminhando em direções opostas. Alguns se olham e trocam sorrisos, outros não conseguem nem observar a cara da realidade presente no terminal rodoviário. Difícil imaginar como é o trabalhar na rodoviária Rita Maria e ao seu redor.

Passando um dia no terminal rodoviário de Florianópolis descubro histórias difíceis de acreditar. Converso com Carlos Alberto Pereira, Vilson Adelino de Espínola, Marilete Simão Pereira e Marcelo Bracarense, para saber o que fazem na rodoviária Rita Maria. Em uma dessas conversas descubro que o local tem este nome, em decorrência de Rita Maria; uma garota de programa que vendia seu corpo há anos atrás.

Carlos Alberto Pereira tem uma visão privilegiada da rodoviária. Da cabine ele controla o fluxo de veículos e coordena quem entra e sai do estacionamento da rodoviária. Tarefa fácil se ele, ex-vendedor de uma loja de instrumentos musicais, pudesse selecionar quem entrasse no local. O trabalho de Carlos não é simples, em decorrência do grande número de assaltos da região seu dia a dia ficou arriscado. Com a função de “faz tudo”, Carlos tenta manter o local calmo e tranqüilo para quem deseja estacionar o carro no estacionamento.

Vilson Adelino de Espínola têm uma função complicada no sistema. A rodoviária nunca foi segura e sua obrigação é proteger os passageiros. Com uma mordida na mão ele se apresenta para o grupo informando “a rodoviária é uma bomba-relógio”. Funcionário do Deter, ele garante o sossego do terminal. Antes de Vilson assumir o cargo de fiscal de operações o local era dominado por marginais, prostitutas e alcoólatras. Infelizmente não conseguiu extinguir os baderneiros. Achando que já viu de tudo Vilson conta que presenciou dois juízes federais mantendo relações sexuais no segundo andar da rodoviária.

Vendedor de obras de arte, Marcelo Bracarense aborda as pessoas que transitam na rodoviária sugerindo a compra de suas alusões aos seis continentes. “São várias ideias, culturas e civilizações. É uma obra de arte e você paga o preço que acha que merece”. Sem rumo certo, Bracarense, deixa sua filha com sua mãe em Garopaba e tenta a vida vendendo sua arte. Morando na rodoviária humanidade está dominada pelos burgueses e admite que o mundo não tem mais volta.

Há sempre algo a mais no inesperado. Marilete Simão Pereira também tem algo muito interessante a contar. Abordo-a enquanto realiza seu trabalho de faxineira: “Sexta-feira Santa estava fazendo a limpeza na área externa da rodoviária e após passar o pano observei pegadas em minha direção”. Impressionado com a conversa, saí assustado olhando para os lados ao andar naquele lugar sinistro como se a esperar uma assombração. A rodoviária é um local de gente que conta e inventa histórias.

Por Rodrigo F. Schmitt - Acadêmico de Jornalismo na Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. Atuou como assistente de imprensa para a equipe de voleibol da Cimed e Federação Catarinense de Voleibol. Fez estágio na Lúdica – Agência de Comunicação do curso de Comunicação Social da Unisul e atuou como bolsista de pesquisa da Revista Laboratório Ciência em Curso da Unisul.
Possui curso de Jornalismo Esportivo pela Faculdade Tobias Barreto e pela Faculdade Cásper Líbero e de Jornalismo 2.0 – Hipermídias e Redes Sociais pela Escola de Comunicação do Comunique-se.

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